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Em formação, Corinthians oscila, mas faz por merecer vitória

Timão tem mais a bola, mas peca na conclusão das jogadas e sofre mais do que o preciso em triunfo sobre o Deportivo Cali, importante em termos de classificação e de ânimo para a equipe
14 de abril de 2022
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Não foi de nem de longe aquele Corinthians apático e pouco criativo na estreia da Libertadores, contra o Always Ready. Tampouco se viu aquele time incisivo e letal que fez 3 a 0 sobre o Botafogo no primeiro tempo, no último domingo, pelo Brasileirão. Ainda em formação, a equipe de Vítor Pereira sofre com oscilações naturais entre jogos e mesmo dentro das partidas, mas fez por merecer a vitória sobre o Deportivo Cali, por 1 a 0, em Itaquera.

Se por um lado há reparos a fazer em relação ao desempenho corintiano, por outro não há o que dizer da entrega dos jogadores, do apoio da torcida e da importância do resultado. A vitória nesta quarta era mais do que necessária não apenas em termos de classificação, uma vez que todas as equipes do grupo têm três pontos, mas também em relação ao lado anímico do Timão, que tenta ganhar confiança após um início de ano turbulento.

Para este jogo, Vítor Pereira mais uma vez promoveu diversas mudanças, algumas já esperadas, como os retornos de Fagner e Renato Augusto, mas outras surpreendentes, casos da ida de João Victor para o banco de reservas, da volta de Fábio Santos à lateral esquerda e da entrada de Jô no lugar de Róger Guedes.

Mais uma vez, a opção foi por um time experiente, com oito atletas acima de 30 anos. As exceções foram Raúl Gustavo, Maycon e Mantuan.

Os pontas, Willian e Mantuan, se posicionaram bem próximos das linhas laterais, para tentar abrir espaços na defesa colombiana, mas eram incentivados a infiltrar em diagonal, abrindo corredor para os avanços dos laterais. O Corinthians explorava sobretudo o lado direito, por onde foram criadas boas chances no primeiro tempo - a melhor delas, em cruzamento de Mantuan para Jô, que empurrou para as redes, mas em posição de impedimento por poucos centímetros.

 

Os donos da casa tinham o controle da bola (em alguns momentos, superando os 70% de posse), mas não do jogo. Bem postado defensivamente, o Deportivo Cali apostava em contra-ataques e lances de bola parada e chegou a levar perigo ao gol alvinegro. A melhor chance veio aos 18, após cabeceio de Burdisso, que exigiu belíssima defesa de Cássio.

Embora Maycon qualificasse a saída de bola corintiana, Renato Augusto recuava muito para ajudar na iniciação das jogadas e, assim, acabava se distanciando do gol adversário ou tendo que se desgastar demais para ir de área a área. Embora eleito o melhor em campo pelo público, o camisa 8 não esteve em grande jornada.

Paulinho apresentou maior mobilidade do que em outras partidas, caindo sobretudo pelo lado direito e buscando algumas infiltrações, mas ainda assim não participou tanto do jogo. O tempo dirá se é possível tê-lo ao lado de Renato Augusto ou se um deles terá de ser sacrificado em troca de maior dinamismo no meio de campo alvinegro.

Superior no primeiro tempo, o Corinthians voltou para a etapa final sem substituições e logo aos quatro minutos acertou a trave, em chute de Mantuan - este sim em noite inspirada.

Corinthians 1 x 0 Deportivo Cali: Vítor Pereira faz anotações — Foto: Staff Images/ConmebolCorinthians 1 x 0 Deportivo Cali: Vítor Pereira faz anotações — Foto: Staff Images/Conmebol

 

Parecia ser um prenúncio de uma pressão, mas não foi o que se viu. O Timão até empurrava o adversário para trás, mas tinha dificuldade para concluir as jogadas. Ainda bem que a defesa do Cali decidiu ajudar... Aos 22, Fagner arriscou chute de fora da área, o goleiro deu rebote e, num lance um tanto quanto bizarro, Caldera mandou contra o próprio gol.

A vantagem poderia dar mais tranquilidade ao Corinthians, mas não foi isso o que se viu. A equipe acabou por recuar, e os visitantes cresceram na partida. Mesmo sem muita qualidade técnica, passaram a lançar bolas na área alvinegra e criaram chances de perigo. Em uma delas, acertaram o travessão de Cássio, aos 30 minutos, em jogada que acabou anulada por impedimento.

A marcação em jogadas pelo alto deve ser um ponto de atenção para Vítor Pereira e comissão técnica.

Após o apito final, alguns jogadores corintianos foram ao chão, extenuados. A sensação foi de que era possível vencer por mais e com menos sustos. Se em Itaquera foi assim, não há por que esperar vida mais fácil no duelo de volta, na Colômbia, em 4 de maio.

Até lá, porém, muita coisa vai rolar, não só na Libertadores, mas também no Brasileirão e na Copa do Brasil. Sábado já tem Corinthians em campo de novo e, certamente, com uma equipe repleta de mudanças para enfrentar o Avaí.

 

Por Bruno Cassucci — São Paulo

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