Em um feito inédito, o Hemonúcleo de Francisco Beltrão, vinculado à 8ª Regional de Saúde, registrou, em apenas 12 meses, três doadores de medula óssea compatíveis, levando esperança a pacientes que aguardavam um transplante. Pode parecer pouco, mas esse resultado representa um marco para o Hemonúcleo e para todo o Paraná e destaca a importância do cadastro de novos doadores para ampliar as chances de salvar vidas.
De acordo com dados do Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME), atualmente, 650 pessoas aguardam um doador, enquanto 5,7 milhões de voluntários estão cadastrados no sistema em todo o Brasil. Desses, 575.500 são do Paraná, colocando o estado na terceira posição do ranking nacional, atrás de São Paulo e Minas Gerais.
No entanto, mesmo com esse número expressivo, as chances de um paciente encontrar um doador compatível variam de 1 em 100 mil (nos casos entre parentes) a 1 em 1 milhão de pessoas, quando considerado o registro geral. Devido às particularidades genéticas, por exemplo, a chance de compatibilidade entre irmãos é de apenas 30%, tornando ainda mais difícil encontrar um doador fora do círculo familiar.
Caso seja identificada compatibilidade com um paciente, o doador será contatado para a realização de novos testes que confirmem a viabilidade da doação. A coleta da medula óssea pode ocorrer de duas formas, sendo o método determinado pelo médico conforme cada caso.
Uma das técnicas ocorre em centro cirúrgico, onde a medula é retirada do interior dos ossos da bacia por meio de uma punção com agulha. Na outra, o doador recebe uma medicação que estimula a mobilização das células-tronco da medula para a corrente sanguínea, permitindo sua coleta por punção venosa no antebraço.
ALEGRIA DE SALVAR VIDAS – Foi exatamente esse último procedimento que a empresária Fabiani Greggio Kobielski, moradora de Francisco Beltrão e cadastrada como doadora desde 2012, realizou. No ano passado, ela foi surpreendida por uma ligação que mudaria não apenas a sua vida, mas também a de alguém que não conhecia.
“Doar medula óssea é um sentimento que, até hoje, não consigo explicar. Desde o momento em que o REDOME entrou em contato, comecei a rezar por alguém que eu nem conhecia. A gente incluiu essa pessoa nas orações e torceu muito para que tudo desse certo. É algo indescritível, só quem passa por isso sabe", relatou.
Para o estudante Leonardo Laurindo, que se cadastrou como doador em 2019 e fez a doação no ano passado, o processo foi uma experiência transformadora.
"A sensação de poder ajudar alguém dessa forma é simplesmente inexplicável. É um gesto de solidariedade que não tem preço, algo que poucos podem oferecer, mas que faz toda a diferença na vida de quem precisa. Decidi me cadastrar porque é um processo simples, mas que pode representar a única esperança para alguém. Saber que minha doação pode salvar uma vida é a experiência mais gratificante que já vivi", relatou.
No final deste mês a vendedora Dangela Beatriz Bogoni, residente de Dois Vizinhos, na 8ª RS, viajará para São Paulo para realizar a doação de medula óssea, com todas as despesas custeadas pelo SUS. Para ela, a experiência tem sido extremamente gratificante.
“A sensação de poder salvar uma vida é indescritível, uma mistura de felicidade, orgulho e emoção. Desde o primeiro contato com o REDOME e o Hemonúcleo, fui muito bem acolhida por profissionais incríveis, que explicam tudo com atenção e carinho. Me sinto até uma celebridade", brinca. "É algo transformador. Percebi o quanto podemos ser importantes na vida de alguém. Por isso, estou incentivando amigos e conhecidos a se cadastrarem como doadores e viverem essa experiência única.”
DOAÇÕES – No Paraná são disponibilizadas 10 mil cotas/ano para novos cadastros de doadores de medula óssea. Essas cotas estão distribuídas mensalmente entre as 25 unidades de coleta para garantir que mais pessoas tenham acesso ao cadastro como potenciais doadores. Esses doadores podem ser a esperança para o tratamento de até 80 doenças, incluindo leucemia, anemia e diversos tipos de câncer, beneficiando pacientes de diferentes idades e estágios da doença.
“A doação de medula óssea representa, para muitos pacientes, a única chance de sobrevivência. Cada novo cadastro amplia as possibilidades de encontrar um doador compatível e, consequentemente, salvar vidas. Por isso, é fundamental que mais pessoas se conscientizem e façam esse gesto de solidariedade", destaca o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.
Qualquer pessoa entre 18 e 35 anos, sem doenças impeditivas como HIV, hepatites B e C ou doenças autoimunes, pode se cadastrar no REDOME, sistema nacional que armazena e gerencia as informações de milhões de voluntários em todo o Brasil.
O cadastro é feito nas unidades de coleta, uma única vez, e exige apenas um documento oficial com foto, o cartão do SUS e a coleta de uma amostra de sangue de 5 ml para o teste de compatibilidade. Caso um doador seja compatível com alguém, ele será contatado e passará por exames mais detalhados antes do procedimento de doação.
Por isso, manter os dados sempre atualizados no sistema é fundamental para garantir que o contato seja feito rapidamente e que a convocação chegue ao doador. Essa atualização pode ser pelo próprio doador no aplicativo do REDOME ou nas Unidades de Coleta.
AÇÕES – Nas unidades da Hemorrede diversas campanhas são promovidas anualmente para incentivar o cadastro de novos doadores – o mês de setembro é dedicado ao doador de medula óssea.
Em Francisco Beltrão, na Semana Municipal de Incentivo à Doação, o Hemonúcleo promove ações de conscientização no calçadão central da cidade. Essas iniciativas contam com o apoio da World Marrow Donor Association (WMDA), organização internacional que conecta doadores e pacientes ao redor do mundo.
“Precisamos trabalhar continuamente na orientação, educação e conscientização da população sobre a importância de se cadastrar no REDOME e se tornar um potencial doador de medula óssea. Além disso, é fundamental desmistificar o processo de doação, que ainda afasta muitas pessoas. Estamos muito satisfeitos com o fato inédito de, no período de um ano, termos registrado três doadores compatíveis em nossa região”, destacou o diretor do Hemonúcleo de Francisco Beltrão, Fábio Ebert.
MEDULA – A medula óssea é um tecido líquido-gelatinoso que ocupa o interior dos ossos e é responsável pela produção dos componentes do sangue (glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas). O processo de coleta é criterioso e envolve várias etapas para garantir a segurança e saúde do doador.
Por Secretaria da Saúde