POLÍTICA

Os desafios para Leandro governar com a maioria da população em desacordo

Eleito com 3.995 votos favoráveis, Leandro Dorini terá o desafio de lidar com a insatisfação de 7.262 pessoas contrárias à sua permanência na prefeitura.
09 de outubro de 2024
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Quando um prefeito assume o cargo enfrentando o descontentamento da maioria da população, ele se depara com uma série de desafios que tornam sua gestão um verdadeiro teste de habilidade política e administrativa. Este é o cenário que Leandro Dorini e Bruno Aguiar, eleitos em Mangueirinha neste último domingo, dia 06 de Outubro de 2024, com 35,49% dos votos, irão encontrar. 

A falta de apoio popular pode criar um clima de constante tensão, impactando não apenas a imagem pública da administração, mas também a capacidade de executar projetos importantes para o município. 

Eleito com votação considerada apenas “satisfatória” e a menor que um prefeito conseguiu se eleger na história do município, Leandro foi beneficiado pela quantidade de candidatos concorrentes. Como se diz na política, eleições com muita concorrência, facilita o caminho daquele que já está no poder. 

Se tratando da Câmara de Vereadores, seis dos onze vereadores eleitos vêm da oposição e se tornam o primeiro objetivo de alinhamento da próxima gestão. Uma Câmara hostil pode bloquear iniciativas importantes, atrasando ou até impedindo que medidas estratégicas sejam implementadas. Nesse cenário, o próximo prefeito precisará de habilidade para negociar com o Legislativo, buscando alianças pontuais e convencendo vereadores a priorizarem os interesses do município.

Passado o processo de diálogo para a conquista da maioria da câmara, outro grande desafio será dar legitimidade nas ações propostas no plano de governo. Por não contar com o respaldo da maioria do eleitorado mangueirense, Leandro e Bruno terão que lidar com a desconfiança de boa parte da população, sabendo que cada medida adotada certamente será questionada e criticada por grande parte da sociedade. 

A relação com as comunidades do interior do município também deverá superar a desconfiança, pois, mesmo perdendo no geral do interior, o gestor terá que contruir pontes e mobilizar novas alianças que poderão ser essenciais para o desenvolvimento de projetos de longo prazo.

 A comunicação com a população torna-se uma ferramenta fundamental. Governar com a maioria contra exige que o prefeito invista em estratégias claras e eficazes de comunicação, de forma a explicar suas decisões e buscar construir uma narrativa que, aos poucos, possa conquistar a confiança de parte dos cidadãos. No entanto, qualquer deslize pode ser amplamente amplificado, aumentando ainda mais o desgaste político.

A pressão por resultados rápidos também aumenta consideravelmente. Vindo de uma gestão com o “caixa em ordem”, o prefeito Leandro precisará demonstrar, desde o início, que suas ações estarão gerando impactos positivos na cidade. Melhorias em áreas sensíveis como estradas, educação, saúde e infraestrutura precisam ser perceptíveis para que a gestão consiga reverter, mesmo que parcialmente, o descontentamento.

Por fim, o prefeito terá que cuidar com atenção das alianças políticas que o levaram ao cargo. Governar sem o apoio da maioria já é desafiador, e a perda de confiança dos seus apoiadores e da base política pode agravar ainda mais a situação, tornando a governabilidade quase impossível. Manter sua base fiel e engajada, apesar das críticas externas, será essencial para sustentar a administração em momentos de maior turbulência.

Diante de tudo isso, o grande desafio de governar com a maioria da população contrária é conseguir equilibrar a pressão social com a necessidade de executar um plano de governo. Transparência, diálogo e foco em resultados serão fundamentais para que o prefeito consiga reverter, ao menos parcialmente, o quadro de descontentamento e assegurar que sua gestão deixe um legado positivo para a cidade.

 

Matéria: Ayslam Monteiro Mang Midia

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