SAÚDE

Diagnósticos de coqueluche saltam 2666% em quatro anos no Paraná; veja como evitar e sintomas da doença

Segundo a Secretaria de Estado de Saúde, foram 249 casos de janeiro a agosto deste ano - dois bebês morreram. Também conhecida como tosse comprida, a coqueluche é uma doença respiratória e a principal forma de evitá-la é a vacina.
30 de agosto de 2024
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Os casos de coqueluche no Paraná aumentaram 2666% desde 2021, segundo os dados da Secretaria de Estado de Saúde (Sesa), atualizados no dia 28 de agosto.

Em 2021, o estado teve nove casos e, de janeiro a agosto de 2024, há 249 registros da doença. Em 2022 foram 5 casos e 2023, 17.

Duas mortes foram registradas pela doença. A primeira, de uma bebê de seis meses, em Londrina, na região norte, foi confirmada pela Sesa. A segunda, confirmada pela Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, é de uma criança de três meses.

A Sesa investiga também duas mortes em Curitiba, uma em Quitandinha, na Região Metropolitana, e uma em Umuarama, no noroeste.

Conhecida como "tosse comprida", a coqueluche é uma doença aguda respiratória bastante contagiosa, causada pela bactéria "Bordetella Pertussis".

Acácia Nasr, coordenadora da vigilância epidemiológica da Sesa, ressalta que a transmissão ocorre principalmente pelo contato da pessoa doente com alguém que não está vacinado por meio de gotículas eliminadas por tosse, espirro e até ao falar.

Ela afirma ainda que a principal forma de combater a doença é a vacina.

"Nós precisamos ter as nossa crianças de dois, quatro e seis meses vacinadas. Depois, aquele reforço aos 15 meses e aos quatro anos. E também vacinar todas as gestantes a partir de 20 semanas até 45 dias pós-parto", ressaltou.

 

Acácia lembra também que a a circulação da coqueluche acontece em todas as faixas etárias.

 

"Outra forma de recomendação é evitar o contato com as pessoas que tenham os sintomas respiratórios, principalmente, das crianças que têm o risco de complicar", completou.

Reforço na vacinação

 

O Ministério da Saúde publicou uma nota recomendando a maior oferta de doses depois que o número de casos no país cresceu de 216, em 2023, para 824, neste ano.

A vacinação contra a coqueluche foi ampliada de forma temporária no Brasil para públicos específicos. Entre eles, trabalhadores de berçários e creches que atendem crianças com até quatro anos de idade.

De acordo com a Sesa, o Paraná também ampliou a vacinação contra a coqueluche. Além da vacinação aplicada nas escolas, a secretaria recomenda que profissionais de saúde que atuam em áreas como obstetrícia, ginecologia, pediatria, UTI neonatal e berçários também sejam vacinados.

Quem é mais atingido pela doença

 

Segundo os dados da Sesa, a faixa etária com mais registros de coqueluche se dá entre 12 e 18 anos, com 70 casos. As mulheres também são a maioria, com 148 casos confirmados, e homens com 101.

Veja abaixo os números de casos de acordo com as faixas etárias:

 

  • Menores de 1 ano: 38 casos;
  • 1 a 4 anos: 19 casos;
  • 5 a 11 anos: 32 casos;
  • 12 a 18 anos: 70 casos;
  • 19 a 29 anos: 20 casos;
  • 30 a 49 anos: 48 casos;
  • Maiores de 50 anos: 22 casos.
  • Cidades com mais casos da doença

     

    Os dados apontam que Curitiba é a cidade com mais registros da doença, com 78. Veja a lista abaixo:

    Cidades com registros de coqueluche

    Cidades Número de casos
    Paranaguá 8
    Guaratuba 1
    Guaraqueçaba 2
    Matinhos 1
    Curitiba 78
    Pinhais 15
    São José dos Pinhais 9
    Araucária 8
    Fazenda Rio Grande 2
    Lapa 3
    Colombo 4
    Campo Largo 18
    Almirante Tamandaré 2
    Campina Grande do Sul 1
    Tijucas do Sul 1
    Quintandinha 3
    Campo Magro 1
    Piraquara 4
    Ivaí 12
    Ponta Grossa 23
    Irati 5
    Inácio Martins 6
    Teixeira Soares 1
    Prudentópolis 1
    Francisco Beltrão 1
    Anahy 1
    Cascavel 1
    Corbelia 1
    Paranavaí 1
    Ivatuba 1
    Maringá 10
    Paiçandu 1
    Faxinal 1
    Londrina 12
    Cambé 4
    Abatiá 1
    Ibaiti 1
    Tomazina 1
    São Pedro do Iguaçu 2
    Imbau 1
    Fonte: Sesa

     

    Casos no Brasil

     

    De acordo com os dados do Ministério da Saúde, atualizados no dia 26 de julho, o Paraná é o terceiro estado com mais casos registrados de coqueluche, com 76. O estado fica atrás de Minas Gerais, com 87 e São Paulo, 281 casos.

    Os dados apontam uma morte no estado.

     

    Sintomas

     

    De acordo com o Ministério da Saúde, os sintomas podem se manifestar em três níveis. O mais leve é parecido com um resfriado.

    Os principais sinais da doença são mal-estar geral, corrimento nasal, tosse seca e febre baixa. Em fases mais agudas, a tosse passa de leve e seca para severa e descontrolada, podendo ser tão intensa a ponto de comprometer a respiração e também de provocar vômito ou cansaço extremo.

    A médica infectologista, Monica Gomes, explica que a proteção dada pela vacina é duradoura, mas não permanente e que a bactéria da coqueluche permanece em circulação.

    Esta pode ser uma das razões para o maior número de casos estar na faixa etária dos 12 aos 18 anos.

     

    "A imunidade da coqueluche, ela pode vir da vacina ou da doença. Quando eu tive a doença na minha infância, entende-se que a imunidade protetora da doença dura mais tempo. A vacina pode ter um período de prevenção menor", explicou.

    Importância da vacina

     

    A vacinação nas crianças é feita por meio da vacina pentavalente, que previne contra a difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infecções causadas pelo Haemophilus influenzae B e DTP (contra difteria, tétano e coqueluche).

    A pentavalente deve ser aplicada em três doses, aos 2, 4 e 6 meses de vida. Já a DTP deve ser usada como reforço aos 15 meses e aos 4 anos de idade.

    Gestantes e mães até 45 dias após o parto também devem ser vacinadas.

     

    "A mãe passa os anticorpos que vão proteger o bebê pela placenta, porque a criança vai receber a primeira vacina só aos dois meses. Então, é muito importante a vacinação das nossas gestantes", conclui a médica.
    Por G1 PR

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