ESPORTES

Brasil x Mundo: veja prováveis grandes duelos pelo ouro nas Olimpíadas de Paris

Brasileiros terão velhos conhecidos na disputa pelo título olímpico em Paris 2024
16 de julho de 2024
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Rivalidade, no esporte, é sinônimo de disputa, atrito e diferença, mas ao mesmo tempo pode significar admiração, respeito e espírito olímpico. A dez dias das Olimpíadas, o ge elencou as principais rivalidades em provas individuais em que os atletas brasileiros estarão presentes nos Jogos de Paris.

Em algumas delas, o conflito é direto e a língua solta, como Beatriz Ferreira, do boxe, e a irlandesa Kellie Harrington. Em outras, o carinho fala mais alto: Rebeca Andrade não poupa elogios para Simone Biles. Isaquias Queiroz foi mais longe e deu o nome do filho de Sebastian, em homenagem ao rival que o venceu nas Olimpíadas do Rio. Gabriel Medina e John John Florence já trocaram farpas depois de algumas notas de juízes, enquanto Ana Marcela e Sharon Van Rouwendaal vivem amizade fora da água.

REBECA ANDRADE (BRA) X SIMONE BILES (EUA)

Rebeca Andrade e Simone Biles fazem alguns dos duelos mais esperados de toda Olimpíada. Sim, no plural, já que elas dividiram o pódio em cinco das das seis provas disputadas no Campeonatos Mundial do ano passado. No salto, Rebeca é a atual campeã olímpica e mundial, enquanto Simone conquistou o ouro no último Mundial no solo, individual geral e por equipes, sempre com a brasileira com a medalha de prata. Na trave, Biles foi ouro e Rebeca bronze.

- É uma honra competir com ela, ela é o maior nome não só da ginástica, mas como de todo o esporte mundial. Ela vai ser lembrada não só na nossa geração, mas por várias gerações. A gente tem um carinho por ela e ela pela gente também. Foi muito bom vê-la competindo feliz, com a cabeça no lugar no último Campeonato Mundial - disse Rebeca, sobre o Mundial de 2023.

Em uma cena marcante deste Campeonato Mundial, Simone Biles pegou uma coroa imaginária de sua cabeça e colocou em Rebeca Andrade, como se tivesse passando o bastão para a nova melhor do mundo. Horas depois, em uma festa pós-mundial, as duas foram vistas dançando juntas.

RAFAELA SILVA (BRA) x CHRISTA DEGUCHI (CAN)

Rafaela Silva foi campeã mundial de judô na categoria até 57kg em 2022 e a canadense Christa Deguchi conquistou o ouro no Mundial de 2023. Em nenhuma das competições elas se enfrentaram, mas tem um longo histórico de confrontos no Circuito Mundial. O primeiro confronto foi em 2013, quando Deguchi, que nasceu no Japão mas é filha de pai canadense, ainda representava seu país de origem. No total, são dez lutas, com seis vitórias da canadense e quatro da brasileira. Neste ano, equilíbrio, com um triunfo para cada lado.

- A primeira vez que lutei contra a Deguchi foi em 2013, então já tem alguns anos que a gente vem rodando dentro do circuito. A gente se conhece bem. Quando vou para uma competição, a gente separa as oito cabeças de chave, então eu já sei as quatro meninas que estarão no meu lado (da chave). Tenho alguns ajudantes, alguns sparings que assistem às lutas comigo, fazem esse tipo de estudo. Na hora que a gente vem treinar elas não são a (Beatriz) Comanche, a Shirlen (Nascimento), a Anzu Yamamoto, elas são a francesa, a georgiana, a japonesa, então eles se entregam dessa maneira, elas ajudam bastante e vai fazer a diferença nessa reta final da preparação.

BEATRIZ FERREIRA (BRA) x KELLIE HARRINGTON (IRL)

Beatriz Ferreira e Kellie Harrington dominam a categoria até 60kg desde 2018, mas só se enfrentaram uma vez: na final olímpica de Tóquio, em que a europeia venceu por pontos. No Mundial de 2018, título de Kellie, mas sem enfrentar Bia. No ano seguinte, Bia foi campeã e a rival estava lesionada. Nos Mundiais de 2022 e 2023, a irlandesa não esteve presente - seu país boicotou a competição - e Bia foi prata e ouro respectivamente. Em 2024, a brasileira até que tentou enfrentar a rival em alguma competição preparatória, mas a irlandesa não participou de nenhum evento.

- Infelizmente ela não quis treinar comigo, mas tudo bem. Nós duas nos classificamos. Eu não aceito minha derrota nas Olimpíadas de Tóquio, isso não é segredo. Não achei justa a pontuação dos árbitros. Agora é buscar mais, ser mais inteligente para convencer os árbitros a pontuarem a meu favor se eu encontrá-la de novo no ringue em Paris. Ninguém morre me devendo (risos) - disse Bia.

 

ALISON DOS SANTOS (BRA) X KARSTEN WARHOLM (NOR)

Karsten Warholm é o atual campeão mundial, campeão olímpico e recordista mundial dos 400m com barreiras. Mas não é errado falar que Alison dos Santos aparece como favorito ao ouro nos Jogos de Paris. Há dois meses, o brasileiro conquistou o ouro da etapa de Oslo da Diamond League, derrotando o anfitrião. A rivalidade, nos últimos anos, foi atrapalhada por lesões. Em 2022, Alison foi campeão mundial em uma competição que Karsten voltava de lesão. No ano seguinte, o fato se inverteu: Alison foi quinto colocado após cinco meses parado por conta de uma lesão no joelho.

Aqui vale lembrar que a rivalidade tem um terceiro elemento: Rai Benjamin, prata nas Olimpíadas de 2021 e no Mundial de 2022, mas que chega a Paris como líder do ranking mundial.

 

ISAQUIAS QUEIROZ (BRA) x SEBASTIAN BRENDEL (ALE)

Isaquias Queiroz tinha muitos motivos para não ser muito fã do alemão Sebastian Brendel. Nas Olimpíadas do Rio, Brendel conquistou dois ouros - C1 1000m e C2 1000m - em provas que o brasileiro foi vice-campeão. Mas o baiano leva a rivalidade para o lado de admiração, ao ponto de dar o nome de seu primeiro filho de Sebastian, em homenagem ao adversário. Nas Olimpíadas de Tóquio, Isaquias foi campeão e Brendel ficou longe do pódio. Para os Jogos de Paris, Isaquias, de 30 anos, está muito mais cotado que Brendel, 36, mas nunca se pode duvidar do alemão.

ANA MARCELA (BRA) x SHARON VAN ROUWENDAAL (HOL)

Ana Marcela Cunha é a atual campeã olímpica, Sharon Van Rouwendaal foi ouro na Rio 2016. As duas são amigas de longa data, inclusive Sharon costuma fazer treinamentos no Brasil e competir no Rainha do Mar, tradicional competição em Copacabana. Ana tem 17 medalhas em Campeonatos Mundiais, enquanto a holandesa dez. As duas estão entre as favoritas ao ouro na prova dos 10km em Paris.

MARCUS D´ALMEIDA (BRA) x MATE GAZOZ (TUR)

Quem tem a hegemonia olímpica no tiro com arco é a Coreia do Sul, mas ao que tudo indica, a medalha de ouro em Paris ficará entre dois países com pouca tradicional na modalidade: Turquia e Brasil. O turco Mate Gazoz é o atual campeão olímpico e mundial da prova individual, enquanto Marcus D´Almeida é o líder do ranking mundial devido a regularidade no Circuito. É o atual campeão da Copa do Mundo, foi bronze no Campeonato Mundial (perdeu a semi para Mate) e, neste ano, foi prata na etapa da Turquia da Copa.

 

GABRIEL MEDINA (BRA) X JONH JONH FLORENCE (EUA)

Gabriel Medina e John John Florence são os dois principais favoritos ao ouro do surfe, que será disputado no Taiti. Gabriel é tricampeão mundial - 2014, 2018 e 2021 - enquanto John John é bi - 2016 e 2017. O americano sofreu com algumas lesões nos últimos anos, mas parece estar 100% fisicamente. Lidera o ranking da temporada atual e, na semi da etapa do Taiti, derrotou Medina.

Nos últimos anos, duas atletas jovens e carismáticas têm se destacado no skate street mundial: Rayssa Leal, 16 anos, e Chloe Covell, 14. Uma cena que ficou marcada foi a passagem de coroa que Rayssa fez para Chloe durante uma etapa da street league. São três japonesas ainda na briga pela medalha - Funa Nakayama, Coco Yoshizawa e Liz Akama, mas o confronto que todos esperam é entre Rayssa e Covell.

HUGO CALDERANO (BRA) X FELIX LEBRUN (FRA)

Há um consenso entre os especialistas do mundo no tênis de mesa que a China deve fazer ouro e prata na disputa individual do tênis de mesa. Assim, na teoria, sobraria uma lugar no pódio e essa disputa conta com diversos atletas, mas dois principais: o brasileiro Hugo Calderano e o francês Felix Lebrun, que dividem o protagonismo. São os dois melhores não chineses no ranking e se enfrentaram três vezes esse ano, com duas vitórias do brasileiro. A última delas, aliás, um 4 a 0 na decisão do Aberto da Eslovênia.

Por GE 

 

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