CRIME

Delegado acusado de matar esposa e enteada em Curitiba é condenado a 38 anos de prisão

Erick Busetti também perdeu o cargo de delegado de polícia e a guarda da filha de 12 anos. Crime ocorreu em 2020 e mãe e filha morreram abraçadas após serem baleadas dentro de casa.
05 de julho de 2024
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O delegado Erick Busetti foi foi condenado a 38 anos, 10 meses e 18 dias de prisão pela morte da esposa Maritza Guimarães de Souza, e a enteada Ana Carolina de Souza. O crime aconteceu em março de 2020.

Além disso, Erick também perdeu o cargo de delegado de polícia e a guarda da filha de 12 anos. 

Maritza tinha 41 anos e era escrivã da Polícia Civil. A filha dela tinha 16 e era estudante. Elas foram mortas na própria casa.

O advogado de Erick, Claudio Dalledone, informou que irá recorrer da decisão.

O advogado de acusação, Samuel Rangel, falou que a decisão do Tribunal do Júri de Curitiba foi muito bem decidida.

O vídeo mostra que Erik dispara contra as duas, que caem abraçadas no chão. Por serem imagens fortes, o g1 optou por congelá-las. Segundo Karoline Fernanda de Souza Machado, irmã de Maritza, as câmeras foram instaladas para a segurança da família. Assista acima.

Segundo a polícia, a filha do casal, com 9 anos na época, estava dormindo no quarto no momento do crime e ouviu os disparos. Ela não foi ferida.

  • 20h12 - Maritza chega em casa e estaciona o carro na garagem da família.
  • 21h00 - Maritza está sentada na mesa de jantar com a filha mais nova. A filha mais velha está ao lado, na cozinha. As três conversam e interagem.
  • 21h07 - Erik chega com sacolas de supermercado, as deixa em cima da mesa e vai para outro cômodo.
  • 21h12 - Erik retorna e começa tirar as compras das sacolas. Ele e Maritza iniciam uma discussão verbal.
  • 21h16 - Erik senta-se à mesa com Maritza e a discussão continua.
  • 21h47 - Erik se levanta e anda de um lado para o outro enquanto ainda discutem.
  • 22h01 - Erik se senta ao lado de Maritza.
  • 22h13 - Erik sobe as escadas.
  • 22h15 - Erik volta com um papel na mão e o entrega a Maritza, que o lê.
  • 22h22 - Maritza larga o papel em cima da mesa. Erik o recolhe e sobe as escadas.
  • 22h25 - Erik caminha de um lado para o outro no segundo andar.
  • 22h33 - Erik entra em um cômodo da casa.
  • 22h35 - Maritza sobe com a filha do casal. As duas arrumam o sofá. Enquanto a menina senta e come pipoca, Maritza vai a um lugar onde não é registrado pelas câmeras.
  • 22h45 - Erik transita pelo cômodo e desce as escadas.
  • 23h - Erik se senta na mesa e janta sozinho.
  • 23h13 - Erik sobe ao terceiro andar da casa.
  • 23h30 - Maritza se movimenta entre o quarto dela e o closet.
  • 23h51 - Maritza senta-se no sofá enquanto segura alguns papeis. Ela mexe no celular enquanto olha para os papeis.
  • 23h55 - Erik vai até o cômodo onde Maritza está e os dois começam a discutir novamente.
  • 00h - Erik sobe ao terceiro andar e entra no quarto que tem no ático. Enquanto isso, Maritza fica no sofá mexendo no celular. Ana Carolina de Souza entra no quarto, e não sai de lá até o momento do crime.
  • 00h08 - Maritza sobe as escadas ao terceiro andar e para na ponta da escada.
  • 00h11 - Erik abre a porta do quarto, ele e Maritza discutem. Ele está com o celular na orelha.
  • 00h12 - Os dois descem para o segundo andar, ainda discutindo.
  • 00h13 - Os dois transitam pelo segundo andar da casa. Erik está falando ao telefone. Os dois continuam discutindo.
  • 00h16 - Maritza pega a bolsa no quarto, desce as escadas e vai para a saída da casa.
  • 00h16 - Erik bate na porta do quarto da enteada, que levanta da cama e abre a porta. Ele a agride com chutes e tapas. Maritza volta para tentar defender a filha. Segundos depois, Erik dispara contra as duas, que caem abraçadas no chão.
  • 00h17 - Erik anda, com a camiseta rasgada, de um lado para o outro enquanto as vítimas estão no chão. Em seguida, ele desce as escadas.
  • 00h18 - Na garagem, ele sai com a arma na mão direita. Com a mão esquerda, ele faz um sinal em direção a rua. Depois, retorna para dentro da casa.
  • 00h19 - Erik sobe as escadas e transita entre um cômodo e outro do segundo andar. Ele pega o celular e faz uma ligação, enquanto observa as duas vítimas. Falando no telefone, o delegado gesticula e chega a colocar a mão na cabeça.
  • 00h22 - Erik desce para o primeiro andar, deixa a arma em cima da mesa e remove as munições. Ele sai na garagem e deixa a arma no chão. Em seguida, volta para dentro da casa e sobe as escadas.
  • 00h24 - Erik pega no colo a filha, que estava no quarto ao lado de onde ocorreu o crime, e desce com ela para o primeiro andar. Na garagem é possível observar que a menina está acordada. Ele a leva até a casa de um vizinho.
  • As investigações apontaram que o delegado disparou pelo menos sete vezes contra a esposa e seis contra a enteada.

    Erik Busetti está preso no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, desde os assassinatos. Ele foi preso em flagrante e admitiu o crime para dois policiais militares. No interrogatório, Busetti preferiu ficar em silêncio.

    O delegado foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) por duplo feminicídio. As promotoras apontaram que Ana Carolina e Maritza não puderam se defender.

    No caso do assassinato de Maritza, também incide a qualificadora de motivo torpe porque, segundo a acusação, ele não aceitava o fim da relação.

    O casal estava junto há cerca 10 anos e estava em processo de separação pelo menos um ano antes do crime, conforme o relato de testemunhas e familiares.

    Dias antes de ser denunciado pelo Ministério Público, Busetti foi indiciado pela Polícia Civil por duplo feminicídio com incidência de aumento de pena por ter cometido o crime próximo da filha de nove anos.

    A menina estava no quarto dormindo, mas, de acordo com a delegada responsável pelas investigações, estava muito próxima e acordou com os disparos.

    A criança não ficou ferida e foi levada para a casa de um vizinho pelo próprio acusado após o ocorrido.

    Delegado também era investigado por acessar sistema restrito

     

    Em 11 de agosto de 2023, a Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o acesso do delegado ao sistema policial de acesso restrito. O login e a senha dele foram usados enquanto ele estava na cadeia.

    A portaria que determinou a investigação afirma que Erik teria acessado indevidamente os sistemas da Polícia Civil para consultas pessoais o que pode, em tese, caracterizar crime de violação de sigilo funcional.

    A comprovação dos acessos está em relatório emitido pela Companhia de Tecnologia de Informação do Paraná (Celepar). Pelos dados do documento, o delegado preso acessou o sistema várias vezes para consultar o próprio nome e outras informações envolvendo autoridades.

    De acordo com a Polícia Civil, o inquérito foi concluído e encaminhado à Justiça.

    Por G1 PR

     

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