Começou nesta segunda-feira (1º) o júri popular do delegado Erik Busetti, acusado de matar a esposa Maritza Guimarães de Souza, e a enteada Ana Carolina de Souza. Câmeras de segurança registraram o crime.
O julgamento estava agendado para ocorrer em abril, no Tribunal do Júri em Curitiba, mas foi adiado a pedido da defesa do réu. A previsão é que o julgamento dure três dias.
O crime aconteceu em março de 2020, e Erik está preso.
A sessão desta segunda começou por volta das 10h. Inicialmente foram sorteados os jurados: cinco homens e duas mulheres.
Na sequência, começaram a ser ouvidas as três testemunhas de acusação. O primeiro dia de julgamento terminou por volta das 20h40. A previsão é de que o júri seja retomado às 9h30 desta terça-feira (2).
Maritza tinha 41 anos e era escrivã da Polícia Civil. A filha dela tinha 16 e era estudante. Elas foram mortas na própria casa.
O vídeo mostra que Erik dispara contra as duas, que caem abraçadas no chão. Por serem imagens fortes, o g1 optou por congelá-las. Segundo Karoline Fernanda de Souza Machado, irmã de Maritza, as câmeras foram instaladas para a segurança da família.
Segundo a polícia, uma filha de 9 anos do casal estava dormindo no quarto no momento do crime e ouviu os disparos. Ela não foi ferida.
Por meio de nota, a defesa de Erik afirmou que o que aconteceu não foi um feminicídio, mas sim um "homicídio emocional".
As investigações apontaram que o delegado disparou pelo menos sete vezes contra a esposa e seis contra a enteada.
Erik Busetti está preso no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, desde os assassinatos. Ele foi preso em flagrante e admitiu o crime para dois policiais militares. No interrogatório, Busetti preferiu ficar em silêncio.
O delegado foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) por duplo feminicídio. As promotoras apontam que Ana Carolina e Maritza não puderam se defender.
No caso do assassinato de Maritza, também incide a qualificadora de motivo torpe porque, segundo a acusação, ele não aceitava o fim da relação.
O casal estava junto há cerca 10 anos e estava em processo de separação pelo menos um ano antes do crime, conforme o relato de testemunhas e familiares.
Dias antes de ser denunciado pelo Ministério Público, Busetti foi indiciado pela Polícia Civil por duplo feminicídio com incidência de aumento de pena por ter cometido o crime próximo da filha de nove anos.
A menina estava no quarto dormindo, mas, de acordo com a delegada responsável pelas investigações, estava muito próxima e acordou com os disparos.
A criança não ficou ferida e foi levada para a casa de um vizinho pelo próprio acusado após o ocorrido.
Em 11 de agosto de 2023, a Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o acesso do delegado ao sistema policial de acesso restrito. O login e a senha dele foram usados enquanto ele estava na cadeia.
A portaria que determinou a investigação afirma que Erik teria acessado indevidamente os sistemas da Polícia Civil para consultas pessoais o que pode, em tese, caracterizar crime de violação de sigilo funcional.
A comprovação dos acessos está em relatório emitido pela Companhia de Tecnologia de Informação do Paraná (Celepar). Pelos dados do documento, o delegado preso acessou o sistema várias vezes para consultar o próprio nome e outras informações envolvendo autoridades.
De acordo com a Polícia Civil, o inquérito foi concluído e encaminhado à Justiça.
Por G1 PR