ECONOMIA

Certificação nacional pode aumentar em até 50% o valor de erva-mate produzida em municípios do Paraná; conheça

Indicação de Procedência (IP), concedida pelo Inpi, reconhece erva-mate de seis municípios da região dos Campos Gerais. Produtor alerta, entretanto, que título precisa ser mais reconhecido nas indústrias.
13 de maio de 2024
Compartilhe

O trabalho de produtores de erva-mate, cultura que movimenta milhões de reais no Paraná, conta com a certificação de Indicação de Procedência (IP) em seis municípios.

O título, que é concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), potencializa a valorização e reconhecimento do produto, que também é o ingrediente principal do chimarrão. 

De acordo com estimativas do Inpi, a partir do momento em que um produto tem certificação IP concedida, o valor dele pode aumentar de 20% a 50%.

Considerado o maior produtor do Brasil, o Paraná exportou 7,2 mil toneladas de erva-mate em 2023, movimentando US$ 3,3 milhões, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Em 2022, A erva-mate produzida no estado somou aproximadamente 763 mil toneladas, conforme o o Departamento de Economia Rural da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Deral).

No Paraná, há Indicação de Procedência na erva-mate das cidades de São Mateus do Sul, Antônio Olinto, Mallet, São João do Triunfo, Rebouças e Rio Azul, que ficam na região dos Campos Gerais. Nesta região, o processo de reconhecimento levou cerca de três anos para ser concluído.

Ronaldo Toppel Filho, cuja família trabalha com a erva-mate há mais de 70 anos, reconhece a importância da certificação, mas destaca que ela precisa ser mais mais valorizadas no Brasil.

 

"No Brasil não são tão valorizadas quanto no exterior. Estamos indo por esse caminho [de valorização], mas ainda não conseguimos agregar o valor que queríamos", opina.
"A área orgânica certificada já teve uma valorização de 30% a mais, pelo menos em relação aos produtos tradicionais. A maioria dos produtores que fazem parte da IP conseguirão essa certificação com mais facilidade", aconselha.

 

O Inpi explica que a Indicação de Procedência é uma categoria da Indicação Geográfica (IG). Além da IP, o instituto também emite a certificação de Denominação de Origem (DO).

Enquanto a Indicação de Procedência é atrelada a uma região reconhecida pela forma de extração, produção ou fabricação de determinado produto, a Denominação de Origem classifica os produtos por características como solo, clima e relevo.

 

"Não adianta ter certificação orgânica, área com IG gigantesca, se a indústria não valorizar isso. Existe um trabalho para que essa valorização exista dos dois lados. Indústria e produtor tem que andar como parceiros, não são competidores", defende.

Nos últimos seis anos, o número de Indicações Geográficas deu um salto no Brasil, crescendo quase 100%. Em meados de 2019, eram 62 as IGs cadastradas – entre IPs e DOs.

No final de abril deste ano, o Brasil alcançou a marca de 123 Indicações Geográficas, sendo 88 Indicações de Procedência (IP) e 35 Denominações de Origem (DO).

O Paraná é o terceiro estado brasileiro em registros junto ao Inpi. Contando com a erva-mate, atualmente o estado tem 14 Indicações Geográficas reconhecidas:

 

  1. Cachaça e aguardente de Morretes;
  2. Melado de Capanema;
  3. Mel de Ortigueira;
  4. Cafés especiais do Norte Pioneiro;
  5. Morango do Norte Pioneiro;
  6. Vinhos de Bituruna;
  7. Goiaba de Carlópolis;
  8. Mel do Oeste do Paraná;
  9. Barreado do litoral do Paraná;
  10. Queijos coloniais de Witmarsum;
  11. Bala de banana de Antonina;
  12. Camomila de Mandirituba;
  13. Uvas finas de Marialva;
  14. Erva-mate de São Mateus do Sul;

 

Segundo o Sebrae, outras cidades e regiões do Paraná estão em busca do registro de produtos como: as broas de centeio de Curitiba; carne de onça de Curitiba; mel de Prudentópolis; cracóvia de Prudentópolis; urucum de Paranacity; queijos do sudoeste do Paraná; café de Mandaguari; ponkan de Cerro Azul; e ovinos e caprinos da Cantuquiriguaçu.

Diferentemente de outras bebidas que são consumidas de maneira solitária, o chimarrão é uma bebida coletiva, apreciada em tradicionais rodas.

Rejane Rüdiger Pastore, da Escola do Chimarrão, explica que são muitos os jeitos de preparar a bebida, mas seguindo algumas dicas, é possível extrair o máximo da erva.

Confira algumas dicas de preparo abaixo:

 

  • Começando pela água, o ideal é que ela seja filtrada ou mineral. E a temperatura não deve ultrapassar os 65 graus. Se a água estiver acima disso, cortará todas as propriedades da erva-mate;
  • Para controlar a temperatura, é recomendado que os amantes da erva utilizem termômetros, que podem ser encontrados a partir de R$ 25;
  • Com relação ao material ideal da cuia, isso vai da preferência de cada pessoa. Ao se optar pelo utensílio feito de porongo, no entanto, é preciso adotar alguns cuidados adicionais no momento de limpá-lo e armazená-lo, como fazer raspagens com uma colher ao lavar, devido à porosidade do material, e sempre guardar a peça deitada para que circule melhor o ar e não haja a proliferação de fungos;

 

 

Modo de preparo:

Rejane é entusiasta de uma técnica de preparo que deixa o chimarrão pronto em 11 segundos.

Confira:

 

  • Colocar uma colher rasa de erva-mate no fundo da cuia e preencher com água quente até o "pescoço" da cuia;
  • Em seguida, tapar toda a abertura da cuia com erva-mate até formar um "morrinho" e dar leves batidinhas na borda da cuia para acomodá-la;
  • Com a bomba, afastar a erva para o lado e fazer uma abertura;
  • Completar com água quente até a borda da cuia e inserir a bomba até o fundo da cuia com movimentos laterais.

Por G1 PR

Leia também