JUSTIÇA

Juíza nega arquivar investigação de plano de ataque de facção contra Moro

Pedido de arquivamento tinha sido apresentado pelo MPF, alegando que crime de extorsão mediante sequestro não chegou a ser consumado e, por isso, não seria punível. Operação contra suspeitos prendeu pelo menos nove pessoas.
30 de março de 2023
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A juíza federal Gabriela Hardt, substituta da 9ª Vara Federal de Curitiba, negou o pedido do Ministério Público Federal (MPF) para arquivar o inquérito policial que investiga o planejamento de um possível ataque de uma facção criminosa ao senador e ex-juiz Sergio Moro (União Brasil). O caso está sob sigilo.

 

O MPF alegava que o inquérito policial investiga extorsão mediante sequestro, mas como o crime não chegou a ser consumado, não seria punível.

Em 22 de março, a operação Operação Sequaz, da Polícia Federal (PF), localizou e prendeu pelo menos nove possíveis membros da facção. Os suspeitos planejavam, de acordo com a polícia, sequestrar Moro e outras autoridades públicas.Na decisão, a juíza disse que a extorsão mediante sequestro não foi o único crime exposto na investigação. De acordo com ela, "a finalidade do inquérito policial é justamente a apuração dos fatos que configurem uma infração penal".

 

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A juíza defendeu que, na operação de busca e apreensão da Polícia Federal, foram apreendidos aparelhos eletrônicos, documentos, veículos, e outros itens que estão sendo periciados.

 

"A medida foi deferida justamente a fim de possibilitar que a autoridade policial localizasse outros elementos de convicção para completa materialização dos crimes [...] A operação policial foi deflagrada há menos de uma semana, de modo que as lacunas porventura existentes poderão ser esclarecidas pelos elementos de informações que já foram e também por aqueles que ainda serão colhidos", disse a juíza.Após a operação, Moro agradeceu o trabalho dos policiais na investigação e revelou que sabia estar correndo risco junto à família.

A reportagem tenta contato com o MPF para comentar a decisão de Gabriela. Em 2018, a juíza assumiu temporariamente a Lava Jato após um afastamento de Moro.

 

Juíza negou repassar investigação para Justiça Estadual

 

O MPF também solicitou que, se o arquivamento do inquérito fosse acatado, o caso fosse repassado para a Justiça Estadual de São Paulo ou para a Justiça Estadual do Paraná, uma vez que os demais crimes apurados - organização criminosa e porte/posse ilegal de arma de fogo, não seriam de competência federal.Segundo Gabriela, a permanência do caso na 9ª Vara Federal de Curitiba é necessário para a celeridade do processo.

"Não tendo sido ainda apresentado o relatório final e não tendo sido afastado o interesse da União no caso em análise, entendo que, por ora, permanece a competência da Justiça Federal para processamento do feito", afirmou a juíza no despacho.De acordo com as investigações da polícia, os suspeitos planejavam homicídios e extorsão mediante sequestro em pelo menos cinco unidades da federação. Os ataques poderiam ocorrer de forma simultânea.

Segundo Moro, o plano do sequestro foi uma retaliação de integrantes de uma facção criminosa por causa de uma portaria do governo, publicada na época em que o ex-juiz era ministro de Jair Bolsonaro (PL), que restringiu visitas em presídios federais.Outro motivo seria o pacote anticrime apresentado por Moro na mesma época.

Segundo a polícia, os suspeitos alugaram chácaras, casas e até um escritório ao lado de endereços do senador. A família de Moro também foi monitorada por meses pela facção criminosa, apontam os investigadores.

Na operação de 22 março, foram aprendidas quantias em dinheiro, além de carros e motos.

Por G1 PR

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